domingo, 31 de março de 2024

O que você precisa saber sobre Deus

Deus: 10 coisas que você precisa saber sobre o Criador 

Denise Alves Pedagoga, mestre em Literatura e formada em Teologia

 Deus não cabe numa definição simplista. Precisaríamos de muitas palavras para tentar descrevê-lo e ainda assim estaríamos sempre incompletos. Mas a Bíblia fala-nos de várias características e qualidades do Senhor que nos ajudam a conhecê-lo melhor. Por isso destacamos 10 pontos acerca de Deus, que lhe ajudarão a compreender melhor como a Bíblia descreve o nosso Deus:

 Deus é Amor

Deus é o Criador do Universo

Deus se revela - permite ser conhecido

Deus é Todo-Poderoso (onipotente, onisciente e onipresente)

Deus é trino

Deus é o Senhor

Deus é Espírito

Deus é o Salvador

Deus é Santo

Deus é Justiça - o Justo Juiz

 

1. Deus é Amor

Na incontável lista de atributos de Deus, o AMOR mereceria estar no topo. Todo o propósito de Deus relacionado à Sua ação e interação no universo, conjuga-se perfeitamente com o verbo amar. A Bíblia nos diz que Ele não somente tem amor (incondicional e verdadeiro) por todos, como Ele é o próprio amor:

 Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele.

- 1 João 4:16

Deus doa a si mesmo eternamente em benefício de todos. Esta autodoação se manifesta na trindade e na sua relação de entrega, autossacrifício e misericórdia pela humanidade:

 "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.

- João 3:16

 Também:

 Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu. - 1 João 3:1

Portanto, se você deseja conhecer a Deus um pouco mais profundamente, comece por desenvolver um relacionamento mais próximo Dele, aceitando o profundo amor que Ele lhe oferece gratuitamente, por meio de Jesus Cristo. Este Amor de Deus tem muito pouco a ver com as formas de amor que conhecemos atualmente. É o Amor incondicional e sem limites, que se entrega, doa e perdoa. É incomparável, o Amor de Deus.

 

Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, - Efésios 2:4

 2. Deus, o Criador do universo

Deus é o supremo Criador e sustentador de todas as coisas. Sendo assim, não há nada na criação que se compare a Ele (incomparável - infinito, eterno, imutável e invisível, perfeito, santo). Segundo a Bíblia, Deus criou todas as coisas, dando início a nossa história:

 Será que você não sabe? Nunca ouviu falar? O Senhor é o Deus eterno, o Criador de toda a terra. Ele não se cansa nem fica exausto, sua sabedoria é insondável.

Isaías 40:28

 A existência do universo pressupõe a existência de "Alguém" superior com inteligência e poder incomparáveis. Ao observarmos o universo, com todas as descobertas científicas dos últimos tempos, é razoável de se presumir a existência de um Criador de soberana Inteligência e poder, que arquitetou e gerou tudo pela Sua Excelência e vontade.

 

Se considerarmos honestamente a diversidade biológica encontrada no mundo natural, temos também que considerar um Desenhador Inteligente por trás de tudo.

 

Este tem um propósito definido, revelando a Sua grandeza e glória. Toda a complexidade de engenhos do mundo físico, como toda informação encontrada no código genético humano, por exemplo, pressupõe um programador com poder criativo sem precedentes.

 No livro 'Deus em questão', C.S.Lewis respondendo sobre se: "Haverá Alguém além do universo que o tenha criado?" Lewis respondeu com um ressonante "sim". Lewis afirma que:

 ... o universo está cheio de "placas de sinalização", como o céu estrelado acima e a lei moral dentro de nós" tudo apontando com clareza inconfundível para aquela Inteligência.

 Os que discordam disso, firmam-se numa teoria ainda mais improvável como a hipótese do Big Bang. Considerar que uma grande explosão tenha dado origem a tudo que conhecemos é como acreditar que um catastrófico incêndio seria capaz de produzir uma gigantesca biblioteca com bilhões de obras no seu acervo. Simplesmente impossível!

 Deus Criador, sobre o qual a Bíblia descreve, fez todas as coisas visíveis e invisíveis, criou o mundo material e espiritual. Por isso, nenhuma criatura, nem mesmo os anjos merecem devoção. Somente o Deus Criador é digno de ser honrado e adorado. Todo o resto são criaturas.

 

Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.

Romanos 1:25

Quem criou Deus?

Essa é uma pergunta que considera já de início que Deus foi criado. Que é um grande equívoco, considerando toda a complexidade do Universo criado. Daí a distinção fundamental que a Bíblia faz de todos os deuses das demais religiões e mitos. Deus é o Supremo Criador. Ele sempre existiu, nunca foi criado:

 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (...)

Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. - João 1:1, 3

 Ao considerar o Deus da Bíblia, precisamos ter consciência dessa distinção: criado X não criado. Deus era Deus antes do início. Lennox no livro "Por que a ciência não consegue enterrar Deus" considera que "Deus pertence à categoria de não criado":

 Pois o Deus que criou e sustenta o Universo não foi criado - Ele é eterno. Ele não foi "feito" e, portanto, não está sujeito às leis que a ciência descobriu; foi Ele quem criou o Universo com suas leis. Na verdade esse fato constitui a distinção fundamental entre Deus e o Universo. O Universo passou a existir, Deus não. (- Lennox, p. 257)

 Entendemos assim que o Deus Trino é superior a todas as coisas criadas, seres espirituais ou materiais (astros, elementos da natureza, animais e seres humanos) e que não há nada nem ninguém superior a Ele (Hebreus 6:13). O Verdadeiro Deus é supremo em absoluto, por isso muito superior a todas as outras coisas em todo o universo.

 3. Deus que se revela

Apesar de não ser totalmente compreensível na Sua essência pela mente humana, Deus, transmitiu algum conhecimento de Si mesmo ao mundo. Através do que Ele criou e do que falou (nos Escritos Sagrados), o Senhor se revela ao seu povo.

 Essa "revelação" (do latim 'revelare') significa descobrir, desvelar, tirar o véu. Isto quer dizer que, Deus trouxe luz àquilo que estava longe do nosso campo de visão natural e limitado.

 Tentar compreender e explicar Deus é como tentar enxergar a olho nu e descrever, toda a grandeza das galáxias do universo. Impossível! Deus é imensurável! Mas se tornou conhecível, na medida em que nos é possível saber.

 Ao longo da história da humanidade Deus se revelou aos homens através da Criação (história e consciência moral universal) e através da Sua Palavra registrada e encarnada em Jesus Cristo (revelação especial) - Salmos 19.

Revelação Geral

Há um entendimento geral, dado a todos, em todos os lugares e em todas as épocas acerca de Deus. Essa revelação geral encontra-se impressa na:

 Criação

História

Lei moral / consciência humana Romanos 2:14-15

Deus é o soberano Criador, como vimos acima. Ele é o Senhor da História e do tempo Isaías 45:6-7. Somente Ele pode intervir na história porque não está limitado ao tempo (1 Timóteo 6:15-16). Deus se tornou conhecido progressivamente ao longo das gerações.

 As pessoas intuitivamente sabem que Deus existe e que cometem o mal, distorcendo essa revelação. Os corações humanos trazem princípios (morais) gravados na consciência e programados pelo Criador. Mas são incapazes de viver de acordo com esses valores divinos. O apóstolo Paulo realça que os seres humanos são indesculpáveis quando distorcem a clara revelação de Deus, porque Ele manifestou-se claramente desde a Criação:

 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e injustiça dos seres humanos que, por meio da sua injustiça, suprimem a verdade.

Pois o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis.

Porque, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, e o coração insensato deles se obscureceu.

Dizendo que eram sábios, se tornaram tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens semelhantes ao ser humano corruptível, às aves, aos quadrúpedes e aos répteis. - Romanos 1:18-23

 Revelação Especial

Deus mantém contato com a sua criação, e pela sua graça, vai se revelando progressivamente ao mundo. O Senhor deixou que a humanidade conhecesse a:

 

Si mesmo,

Seu Reino,

Sua Aliança,

Suas Leis e a

Sua Salvação.

Toda palavra de Deus revelada à humanidade, acerca da sua redenção universal, foi registrada na Bíblia pelos seus profetas, para que todos possam conhecer:

 Antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, mas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também fez o universo. - Hebreus 1:1-2

Jesus Cristo é a culminação da revelação especial de Deus. Ele próprio veio ao mundo para se dar a conhecer ao Seu povo. Sem intermediários, o Filho do Deus Altíssimo veio em pessoa para nos mostrar Deus plenamente. Portanto, Deus pode ser conhecível por aqueles que O buscam de todo coração. O conhecimento verdadeiro de Deus só pode ser adquirido através da auto-revelação divina em Jesus Cristo.

 Hoje podemos conhecer a Deus através de um relacionamento pessoal com Ele baseado no que a Sua Palavra ensina.

 4. O Deus Todo poderoso

Deus é o Deus onipotente. Isto quer dizer que ele tem todo o poder. A palavra onipotente vem de dois termos latinos que significam "omni" - todo e "potens" - poderoso. Isso quer dizer que Deus tem poder sobre a terra, céu, natureza, tempo, espaço e todo universo.

 Ele pode fazer tudo que for da sua santa vontade. Para além do seu poder criador, Deus também revela seu poder ao sustentar e cuidar de todas as coisas. Em sua providência, o Senhor garante que cada coisa no universo cumpra o seu devido propósito. Nas Escrituras, vemos muitas mostras do grande poder e atuação de Deus na história humana. De fato, nada lhe é impossível:

 Jesus, olhando para eles, disse: — Para os seres humanos isto é impossível, mas para Deus tudo é possível. - Mateus 19:26

 Do mesmo modo, Deus é onisciente, tem todo conhecimento, e é onipresente, está presente em todo lugar. Ele não tem limitações espaciais e, nenhum lugar no espaço O poderia conter (1 Reis 8:27). Ele está presente de maneira diferente em lugares distintos para abençoar, sustentar ou punir. Grudem, p.123, diz que "Deus age diferentemente em locais distintos da sua criação."

Esses atributos mostram algumas das diferenças marcantes entre Deus e as suas criaturas: o seu poder, sabedoria e presença ilimitados. Ele tem o potencial para agir sempre no que Lhe aprouver. Ele é "poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos" (Ef. 3:20).

 Tudo que foge ao controle humano, o poder da vida e da morte, as forças da natureza e as leis que a regem, tudo está sob o controle de Deus. Por isso Ele é digno de toda a confiança:

 Confiem para sempre no Senhor, pois o Senhor, somente o Senhor, é a Rocha eterna. - Isaías 26:4

 A onipotência, onisciência e onipresença de Deus envolvem também a ideia de soberania. Como soberano Rei e Governador, Deus rege e faz o que lhe apraz em todo universo. Sobre esse poder, o teólogo Grudem diz que:

 a onipotência divina refere-se ao ao seu próprio poder de fazer o que decidir fazer... o poder de Deus é infinito, e, portanto ele não está limitado a fazer somente o que já fez. De fato, Deus é capaz de fazer mais do que faz" (- Grudem - Teologia Sistemática, p.159.)

 Deus é único com todo o poder. Muitos temem a ação de Satanás, outros espíritos, e até mesmo forças humanas, mas Deus é infinitamente superior (1 João 4:4).

 Embora existam diferentes concepções de divindades nas várias religiões do mundo, o Deus da Bíblia é superior em absoluto a tudo e todos. Os deuses mitológicos e outros ídolos criados (santos, orixás, guias, etc) não podem ser confundidos com o Deus verdadeiro. Esses diferentes deuses foram criados, para responder às demandas do homem em diferentes áreas: deus do sol, deus dos mares, deusa da fertilidade, etc...

 Deus, distintamente, tem poder sobre todo o universo. Ele não só sabe como tudo funciona e existe, porque criou tudo, como também é supremo em inteligência (onisciência) e facilmente estabelece o Seu alcance em todo lugar. As outras supostas "entidades", seguindo a sua limitação conceitual, somente agem ou exercem influência restrita sobre áreas específicas (como os super-heróis fictícios, têm poder nalguma área, mas são limitados noutras). Deus é Deus porque é maior que toda força natural ou sobrenatural que possa existir.

Pois o Senhor é o grande Deus, o grande Rei acima de todos os deuses. - Salmos 95:3

 5. Deus Triuno

Há um só Deus em três pessoas. Essa verdade é testemunhada nas Sagradas Escrituras, bem como refletida nas obras das três Pessoas Divinas - João 15:26, Atos dos Apóstolos 2:32-33, Gálatas 4:6, Tito 3:4-6 e outros.

 A doutrina da trindade é uma das mais importantes do Cristianismo. Ela ajuda-nos a compreender a essência eterna, única e diversa do

Ser de Deus. Apesar da palavra "trindade" não aparecer na Bíblia, seu conceito é ensinado nela. Trindade significa tri-unidade, ou "três em unidade".

 Assim podemos entender que Deus é um Ser único, consistindo em três “pessoas”, Pai, Filho e Espírito Santo, que se relacionam entre si desde a eternidade, mas são distintas.

 (Sobre o vocábulo "trindade", J.I. Packer fez a seguinte formulação:)

 Jesus...

a) endossava o monoteísmo do Antigo Testamento (Marcos 12:29), e, no entanto,

b) considerava-se "o Filho" em um sentido singular (Mateus 11:27, Marcos 12:1-12, Marcos 13:32), tendo prescrito e aceito a adoração como correta expressão de fé (João 5:23, João 9:35-38, João 20:28);

c) prometeu o Espírito Santo como o "outro Consolador", que viria substituí-Lo para desempenhar seu próprio multifacetado ministério (João 14:16); e

d) agrupou o Pai, o Filho e o Espírito Santo no "nome" trino (usando-o no singular, não no plural, como notamos), no qual - isto é, em relação ao qual - os futuros discípulos deveriam ser batizados (Mateus 28:19).

 entender o que Deus é em si mesmo, precisamos considerar o que a Bíblia mostra progressivamente acerca Dele. Há indícios em todo o texto sagrado de que Deus existe como mais de uma “pessoa”.

 No Antigo Testamento encontramos uma revelação parcial, revelada sobretudo em registros plurais da fala de Deus:

 “Façamos o homem à nossa imagem…” (Gên. 1:26),

“Agora o homem se tornou como um de nós” (Gên. 3:22);

“Venham, desçamos e confundamos a língua que falam (Gên. 11:7);

“Quem enviarei e quem há de ir por nós?” (Isaías 6:8)

outras passagens que deixam claro a indicação da pluralidade de pessoas no próprio Deus (Salm. 45:6-7, Salm. 110:1)

No Novo Testamento há uma revelação mais completa da trindade. Quando Jesus foi batizado (Mateus 3:16-17), vemos os 3 membros da trindade realizando atividades distintas e coordenadas:

 Deus Pai fala do céu;

Deus Filho é batizado e ouve o que o Pai fala;

Deus Espírito Santo desce do céu, pousando sobre Jesus.

A mesma especificação das pessoas divinas aparece no mandado da grande comissão feito por Jesus:

 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, - Mateus 28:19

Além dessa, outras tantas passagens fazem menção às três pessoas da Trindade juntas: (2 Coríntios 13:14); (1 Pedro 1:2) e (Judas 1:20-21).

 Compreensão limitada da Trindade

Apesar de todas as evidências bíblicas e as afirmações anteriores, precisamos chegar ao ponto de reconhecer humildemente a complexidade do Ser de Deus. Ele é diferente de qualquer outra coisa no universo e não temos mais nenhuma outra realidade semelhante. Em si mesmo Deus contém tanto unidade como diversidade.

 Somos incapazes de compreender completamente a existência tripessoal de Deus. Ultrapassados os pontos que a Bíblia revela, temos de nos reservar às nossas limitações humanas e CRER no que as Escrituras afirmam. Muitos detalhes e curiosidades ainda não estão ao nosso alcance.

 Infelizmente, por não compreenderem a grandeza do Deus Trino, que a Bíblia apresenta, muitas heresias surgiram na história na tentativa de deturpar essa verdade bíblica (modalismo, arianismo, subordinacionismo, p.ex). Ainda hoje, há falsos cristãos, hereges, mulçumanos e judeus que refutam a divindade de uma ou mais Pessoas da trindade.

 Contudo, a Bíblia (nossa regra de fé e prática) afirma isso com clareza. Ainda que a nossa capacidade de compreensão seja limitada, precisamos aceitar, crendo somente no que a Palavra de Deus diz.

 Deus é único e seu verdadeiro ser existe nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O teólogo Wayne Grudem fez a seguinte colocação:

 Deus existe eternamente como três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo; cada pessoa é plenamente Deus e há um só Deus. - Manual de Doutrinas Cristãs, p. 109

 Todas essas afirmações são ensinadas na Bíblia. Cada membro da Trindade é plenamente Deus e cada pessoa compartilha todos os atributos de Deus com funções diferentes desde a eternidade.

 Quem é Deus como o Senhor? 2 Samuel 22:31-32

 6. Deus, o SENHOR

Na Bíblia, a palavra SENHOR é aplicada ao Deus Pai, a Jesus Cristo, Filho e ao Espírito Santo. O senhorio de Deus implica em ser Ele o chefe máximo do universo e governador absoluto de seu povo.

 O Senhor Deus

É o Criador, o Deus de Israel, o governador, juíz, salvador e protetor. No Antigo Testamento, a palavra "Adonai" (originada do termo hebraico "Adon" - significa senhor, governador, ou dono de escravos) era usada como um título, se referindo ao Deus de Israel.

 O nome "Yahweh" - Jeová, surgiu quando Deus apareceu a Moisés no episódio da sarça ardente. Ali, Moisés lhe perguntou o Seu nome e Deus se apresentou como o grande "EU SOU" (ou Eu SOU o que Sou), comissionando Moisés para libertar os israelitas do Egito. Como o passar do tempo, o tetragrama "Yahweh", passou a ser substituído pela palavra Adonai, por reverência ao nome revelado por Deus.

O AT grego traduziu a palavra Adonai - SENHOR no hebraico, por "Kurios" - Senhor em grego. Para diferenciar de outros senhores, ou deuses pagãos, as expressões (Adonai e Kurios) sempre apareciam com maiúscula, para se referir ao Deus de Israel.

 Deus falou a Moisés e lhe disse: — Eu sou o Senhor.

Portanto, diga aos filhos de Israel: "Eu sou o Senhor. Vou tirá-los dos trabalhos pesados no Egito, vou livrá-los da escravidão, vou resgatar vocês com braço estendido e com grandes manifestações de juízo.

 Eu os tomarei por meu povo e serei o seu Deus; e vocês saberão que eu sou o Senhor, seu Deus, que os tiro dos trabalhos pesados no Egito.

 Eu os levarei para a terra que jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; darei essa terra a vocês como herança. Eu sou o Senhor." - Êxodo 6:2, 6-8

 O Senhor Jesus Cristo

No Novo Testamento, o Deus encarnado, o Filho de Deus e Messias, o Senhor Jesus Cristo é apresentado como o Senhor. Este título implica que Ele é mais que um líder, professor, rabino ou mestre, mas é o Deus vivo, Salvador do mundo que haveria de vir. Jesus se identificou com Deus (Jeová - "Eu Sou") em diferentes episódios. E por isso, foi tão perseguido e odiado pelos líderes judeus que não compreenderam que Ele era o SENHOR.

 Jesus cumpriu as profecias do AT relativas ao Senhor (Jeová). Por exemplo, Joel 2:32 citado em Atos dos apóstolos 2:21 e Romanos 10:13 - "E aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo" é tomado como cumprimento da promessa para aqueles que invocam o nome de Jesus: Atos dos apóstolos 2:38 e Romanos 10:9-13.

 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. - Filipenses 2:10-11

 Ele viveu, morreu e ressuscitou para ser Senhor de todos (Romanos 14:9), ontem, hoje e sempre.

 

O Senhor, Espírito Santo

No Antigo Testamento, por vezes, o Espírito Santo aparece como figura indistinguível de Deus Pai (Salmos 51:11). Já no Novo Testamento essa distinção fica mais clara, uma vez que o Espírito Santo (Pneuma no grego) aparece identificado com a pessoa do Pai e do Filho, mas com atribuições diferentes.

 O título pessoal usado por Jesus em João 15:26, "Parakletos" - consolador, conselheiro, advogado, ajudador , traduz exatamente a característica fundamental do Outro agente pessoal da trindade. O Espírito Santo é o Deus Consolador, presente e ajudando o Seu povo, em total unidade divina com Jesus Cristo e com o Pai, eternamente.

 Em muitas passagens do NT, as funções exercidas pelo Espírito do Senhor aparecem ajustadas às outras pessoas da trindade. Isto revela a divindade do Espírito Santo e portanto, a co-igualdade no senhorio com Cristo e com o Pai.

 Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade.

E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito. - 2 Coríntios 3:17-18

 7. Deus é Espírito

Já alguma vez se perguntou: de que matéria Deus será feito? Seria algum corpo, fluído ou energia volátil? Maciço e robusto? Ou algo parecido com o nosso corpo? Não. A Bíblia nos afirma que Deus é Espírito (João 4:24). Seja o que for que isso signifique, parece querer dizer que:

 Ele não está limitado a nenhum lugar no universo.

Deus não é comparável a nenhuma outra existência criada (não é um vapor, fumaça, energia, nem uma força, etc).

Deus sequer se compara ao nosso espírito, que também foi criado e está limitado no tempo e espaço.

A existência do Senhor é algo infinitamente superior a qualquer outra coisa criada (astros, anjos, demônios, etc).

Deus é a essência do Ser. É excelente, é incomparável e indescritível.

A aparência de Deus

As Escrituras também não fazem nenhuma descrição expressa sobre a aparência "física" de Deus. Como Espírito Divino, não podemos associar a Deus uma fisionomia ou características físicas humanas, ou de qualquer outra criatura no universo. Somos expressamente proibidos de assemelhar Deus a qualquer outra criatura ou coisa da criação (Êxodo 20:4-6).

 Apesar disso, a Bíblia nos diz que:

A humanidade foi feita a Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26)

Jesus Cristo é o resplendor de Sua Glória e a expressão exata da pessoa de Deus (Hebreus 1:1-3)

Além dessa identificação direta conosco e, principalmente, com o Filho, as Escrituras também dão muitos outros indícios das características do ser de Deus. Por meio desses atributos, podemos ver com clareza muitas referências acerca da natureza de Deus (2 Pedro 1:4), Seu caráter e de Seus valores.

 8. Deus é O Salvador

Pode-se dizer que o tema da Salvação é central em toda a Bíblia. Do início ao fim, as Escrituras registram a mensagem do Deus Criador que, graciosamente, oferece salvação. Mas salvar do quê? Pensar em salvar alguém faz-nos lembrar de transtornos e perigos como de um terrível naufrágio, tsunami, uma doença incurável, um sequestro ou qualquer outro risco de morrer.

 A salvação de Deus pressupõe que todos estamos condenados à morte. Desde a queda no princípio, todos afundamos num terrível lamaçal, estamos em linha de colisão com uma avalanche que virá nos destruir a qualquer momento. Isto mesmo! Sem Deus, você e eu estamos irremediavelmente condenados. Destinados à morte e destruição para sempre. Realmente, toda a humanidade está sujeita a uma condição de juízo e condenação por causa dos seus pecados.

 O ensino bíblico sobre o pecado revela uma realidade que nem todos gostam de enfrentar, mas é absolutamente necessário para que haja salvação. "Todos pecaram e precisam da graça de Deus" (Romanos 3:23). Por isso, todas as pessoas precisam de entender:

 a natureza da maldade e da sujeira que corrompem o seu corações;

e reconhecer a incapacidade de salvarem a si mesmas;

e confiar totalmente na graça infinita de Deus;

a necessidade de arrependimento e conversão (mudança de vida) para Jesus Cristo;

Todos estão cativos, i.é, são escravos dessa inclinação para a maldade (João 8:34), que condiciona a vida e o destino final da humanidade. Nossos valores, emoções, intelecto e vontade foram danificados pela ação maligna das ofensas que cometemos contra vontade soberana de Deus. Consequentemente todos estão destinados à punição e morte.

O pecado corrompeu a natureza espiritual e física das pessoas, tornando-nos todos destinados à ira e Juízo de Deus, Por isso todos, pessoalmente, merecem ser castigados pelos seus vícios e transgressões. Mas o Deus Salvador nos aponta uma porta de escape. Ele mesmo propõe-nos um futuro diferente daquele ao qual estávamos destinados. Essa é a salvação (redenção, libertação, vida eterna) que encontramos pela graça de Jesus Cristo.

 ... segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação,

não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada agora pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus.

Ele não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho. - 2 Timóteo 1:9-10

 A graça de Deus

Graça significa o favor imerecido de Deus. Isto é, não fizemos nada para merecer o amor de Deus. A palavra "graça" - chen no hebraico e charis no grego, aparece como: favor, bondade, amor, generosidade extrema e gratuita. Outros termos aparecem relacionados a ideia de graça, como por exemplo: "achar graça aos olhos", amor constante e incondicional (ágape), misericórdia, compaixão e bondade.

 

A palavra graça expressa a generosidade de Deus que age prontamente para salvar os pecadores. Deus é o Deus de TODA GRAÇA (Êxodo 34:6, 1 Pedro 5:10). Ele ama aqueles que não merecem ser amados, de forma gratuita e espontânea, dependendo unicamente da sua própria vontade para fazer isso.

 Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus - Efésios 2:8

 Através de Jesus, a graça de Deus tomou corpo e forma, tornou-se uma pessoa (João 1:14-17). Jesus Cristo é o supremo presente do amor bondoso de Deus que se entregou por nós para cumprir a justiça em nosso lugar. Ele veio por pessoas indignas, sem status ou valor comparável. Somente por essa graça podemos ser salvos.

 9. Deus é Santo

A santidade de Deus é um atributo incomparável, segundo o qual entendemos que Ele é totalmente separado do pecado e do mal, dedicando-se à sua própria Glória e Honra. Neste sentido, a santidade de Deus tem um aspecto relacional (separação do mal) e um aspecto moral (dedicação à sua própria Honra).

 Deus é Santíssimo e isso é expresso em inúmeras passagens bíblicas, revelando que Ele está apartado da maldade em todos os sentidos. Daí o convite para que seu povo seja mais parecido com Ele (Levítico 20:7). Deus é incomparável em santidade, retidão, justiça, poder e excelência:

 Ó Senhor , quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas? - Êxodo 15:11

 Essa santidade é poderosa e magnífica, mas pode causar danos a pessoas impuras que se aproximem demasiadamente, sem a devida atenção. Podemos comparar a santidade de Deus ao sol. Entenda, este astro criado, ilumina-nos, aquece-nos, dá energia e promove outros inúmeros benefícios aos seres vivos. E, embora seja benigno e radiante, trazendo condições favoráveis de vida à terra, quem se aproximar muito dele é fulminado em instantes.

Da mesma maneira, entender a grandeza da santidade de Deus. Uma aproximação irrefletida pode ser fatal. Sem a sua permissão, não poderíamos nos aproximar sequer, porque Ele é excelentemente santo e glorioso. Nenhuma pessoa suportaria tamanha perfeição e santidade na Sua presença.

 É por isso que vemos no Antigo Testamento inúmeras leis e orientações ao povo para que se consagrassem, se afastando de coisas ou pessoas impuras (Levítico 20:7). A aproximação de Deus, pressupõe a reverência e o cuidado com tudo que Ele exige.

 

Santidade ao Senhor

A palavra "santo" é usada também no AT para descrever lugares específicos no Tabernáculo. Neste lugar preparado para que o povo se dedicasse ao Senhor, havia dois espaços interiores totalmente consagrados, separados do restante do Templo. O Santo lugar era separado através de um véu do Santíssimo lugar ou Santo dos Santos, onde ficava a Arca da Aliança. Este era o espaço que representava a presença do Senhor. Era o lugar mais separado do mal e do pecado no meio do Arraial do povo de Deus.

 Para entrar ali havia regras de consagração e purificação, de pessoas separadas (representantes do povo)- os sacerdotes - para terem acesso à presença de Deus.

 O profeta Isaías descreve em Isaías 6, uma experiência impactante da visão que teve de Deus assentado num alto e sublime trono no Templo. Por cima Dele, ele viu serafins que voavam adorando:

 E clamavam uns para os outros, dizendo: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória." - Isaías 6:3

 Esta visão deixou o profeta totalmente alarmado porque reconhecia-se como um pecador, tal como o povo a quem representava. Mas um dos serafins foi ao seu encontro, não para castigá-lo mas para purificá-lo, para estar apto para permanecer na presença do Senhor (Isaías 6:6-7).

 Esta cena nos mostra algo interessante: é na comunhão com Deus, que se pode reconhecer os próprios pecados, tendo condição para confessá-los e deixá-los. Foi assim também com Davi (Salmos 51:5), Jó (Jó 42:5-6), Pedro (Lucas 5:8) e outros. Somente à luz do Senhor é que conseguimos enxergar a escuridão que há nos nossos corações. Quem está longe de Deus não consegue reconhecer falhas em si mesmo.

 Comunhão através de Jesus Cristo

Jesus é o caminho e a porta que nos dá acesso direto a Deus. Agora já não há necessidade de outros representantes ou mediadores. Ele é Aquele que tira o pecado do mundo e nos santifica através do Espírito Santo.

 Na Antiga Aliança, quem quer que tocasse em algo impuro se tornaria também impuro. O acesso a Deus era restrito, mediante ao cumprimento exclusivo das leis e prescrições. Mesmo assim, o povo andava distante pois o seu pecado os impedia de se aproximar efetivamente do Senhor. Era preciso que viesse o Messias e os conduzisse até a presença de Deus.

 Na Nova Aliança, Jesus surge como a resolução definitiva do problema de acesso ao Deus Santo. Cristo é a luz mais radiante que o sol, que veio ao nosso encontro. Não para nos destruir, mas para nos transformar em seres santificados que glorificam ao Senhor.

 Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus" - João 6:69

 Pedro reconhecendo a divindade e santidade do Senhor, pediu que Ele se afastasse dele:

 

Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: — Senhor, afaste-se de mim, porque sou pecador.

- Lucas 5:8

 

Mas o seu poder e amor transformador mudou as nossas vidas e histórias. Jesus decidiu se aproximar, perdoar e apagar os nossos pecados. Não somente de Pedro e dos discípulos mas de todos que O confessam e creem que é Ele o Senhor de toda Glória. Todo pecador que crê e se arrepende da sua vida imoral e independente de Deus, pode receber o Seu perdão e ter o seu pecado apagado.

Santidade ao Senhor

Jesus não só tocou impuros e os purificou, como tornou arrependidos em justificados e perdoados perante Deus. Não colocou uma brasa do altar como fez com Isaías, mas acendeu a chama do Seu Espírito dentro de nós. Essa é a ação gloriosa e ainda incompreensível para nós: o amor grandioso do Santo Deus! Jesus sofreu a distância do Pai na cruz, para que hoje, os que creem, possam ser santificados e achegados a Deus:

 Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade. - Hebreus 4:16

 Na vida do cristão, a busca pela santidade deve ser constante e fervorosa. Somente seguindo a santificação é que veremos o Senhor (Hebreus 12:14). À medida que caminhamos com Deus, "tabernaculamos" com Cristo, por meio da comunhão com Seu Espírito Santo. E assim, Ele torna-nos limpos e aceitáveis na presença de Deus.

 10. Deus é Justo Juiz

Deus é o padrão de Retidão e Justiça. Essas qualidades traduzem os termos "Tsedek" do hebraico e "Dikaios" do grego, do Antigo e Novo Testamento. Esse atributo nos mostra que Deus age sempre conforme o que é justo, e Ele mesmo é o parâmetro para a Justiça.

 

Ele é a Rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele é. - Deuteronômio 32:4

 Não existe nenhum outro padrão fora de Deus, que nos defina bem a justiça e retidão. Todos nós somos dotados de um senso de justiça interior, também temos instâncias de justiça em nossa sociedade que nos ajuda a reconhecer as injustiças que sofremos e que causamos. Mas, Deus é o padrão absoluto para justiça (também da verdade e excelência).

 A (in)justiça humana

Todas as pessoas têm, em maior ou menor medida, algum senso de justiça. Essa noção, ainda que muito distorcida, é a moralidade herdada e incutida pelo nosso Criador. Esta Moral revela as reais intenções que motivam as atitudes humanas. Ela nos diz o que é certo e errado, nos dirigindo nas nossas decisões e práticas diárias. Porém, sem um parâmetro realmente honesto (Deus), estamos sempre fadados à desonestidade e corrupção. Por isso, muitas vezes, atitudes que deveriam ser comuns, como devolver o que não lhe pertence, ainda sejam tão raras em nossa sociedade.

Os atos de justiça humana são falhos e corrompíveis. Segundo a Bíblia, a nossa justiça perante Deus é impura, comparada a "trapos imundos" (Isaías 64:6). Por isso, sentimos muito quando vemos atitudes perversas contra pessoas inocentes (quase sempre nós mesmos) mas naturalmente, não sofremos pelas injustiças que causamos a outros. Por essa causa, não nos podemos guiar somente pelo senso de justiça que cada um tem. Precisamos da Justiça absoluta, que é Jesus Cristo.

 Como criaturas de Deus, nós não temos o direito de dizer que Deus não é justo ou reto. Nem de tentar "fazer justiça com as próprias mãos". Se assim fizermos, o nosso padrão de justiça começa ser nós mesmos (ou outros) e aí não há verdadeira justiça. O Criador é sempre Justo e fiel, sem Ele não podemos medir justamente. Paulo diria: "quem é você, ó homem, para discutir com Deus?" (Romanos 9:20-21). Fato é que a justiça humana é tendênciosa, vingativa e egoísta.

 Por isso, precisamos nos conformar ao padrão moral e ao caráter imparcial de Deus, buscando a justiça verdadeira, que é Cristo. Devemos viver para ser mais semelhantes a Jesus. Por isso nos ensina: "busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sum justiça" (Mateus 6:33), só assim as outras coisas serão acrescentadas.

 Justiça Divina

O termo 'justiça' traduz a ideia de dar às pessoas segundo o que elas merecem. Deus, sendo Justo e perfeito, trata as pessoas de forma apropriada. Infelizmente, toda a humanidade é transgressora e injusta. Por isso, merece ser julgada pelos seus atos. Como Deus é Justo, é necessário que Ele puna o pecado, pois este é errado, causa danos e merece punição. Se não punir, ainda que perdoe, é como se Deus fosse conivente com o erro, aceitando o mal. Mas sabemos que:

 Na verdade, Deus não pratica o mal; o Todo-Poderoso não perverte o direito. - Jó 34:12

 

Então, para cumprir a Justiça plena (a consequência do pecado é a morte Romanos 6:23, Jesus Cristo morreu na cruz em nosso lugar. Deus executou a punição adequada ao pecado, quando Cristo assumiu a nossa culpa na cruz, isto é, no lugar daqueles que creem no seu ato remidor e confiam no seu perdão. Ali Deus Filho se fez réu, por amor, nos dando perdão e nos fazendo justos como Ele é (sem nenhum pecado). Deus é "justo e justificador daquele que tem fé em Jesus" (Romanos 3:24-26.

 O Juízo Final

Haverá um dia em Deus julgará a todos, vivos e mortos (Atos 10:42). Neste Grande Juízo, os atos de todos serão investigados:

 Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mal. - Eclesiastes 12:14

 Cabe a cada pessoa decidir se irá enfrentar esse julgamento sozinho ou com a ajuda do Advogado, Jesus Cristo (1 João 2:1). Se cremos que Ele assumiu a nossa culpa, levando o castigo na cruz, temos a graça de não sermos condenados neste julgamento. Mas, quem O rejeita e não crê na justiça proveniente de Jesus Cristo, já tem a sua causa perdida no grande Julgamento de Deus.

 Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus.

Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. - João 3:18-19

 Quem crê no Deus Todo-poderoso que se revela nas páginas das Sagradas Escrituras não será sentenciado. Todo pecado será perdoado e a sua culpa será apagada para sempre (Hebreus 8:12).

 Que maravilha! Os que creem em Jesus, tornam-se justificados por Deus, totalmente perdoados e considerados inocentes perante o Tribunal do Senhor. Não por nada que tenhamos feito, mas absolutamente pelos méritos de Cristo (pela Graça somos salvos).

 Por isso, temos inúmeras razões para agradecer e louvar a Deus por Sua Justiça e Retidão. Ele é perfeito e misericordioso, assim também nos ensina a ser mais justos e honestos no dia-a-dia.

Prossiga conhecendo a Deus

Conhecer a Deus é o alvo principal na vida do cristão. Jesus afirmou que conhecer a Deus é a própria Vida eterna:

 Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. - João 17:3

 Como vimos até aqui, Deus é imenso! Há muito mais para conhecer e se surpreender sobre o nosso Deus Soberano. É sempre uma grande aventura ir descobrindo mais e mais sobre o Senhor. Continue com esse objetivo diariamente e consagre-o como um objetivo para toda a vida.

 Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor - Oséias 6:3ª

 Laguna SC 12/03/2024; Copia GMA

quarta-feira, 20 de março de 2024

Arrebatamento da Igreja Será Secreto?

EEAEEA

O Arrebatamento Secreto da Igreja é um ensinamento conhecido por todos os crentes e seguido como doutrina por pelo menos 90% dos cristãos no mundo. Mas será que é isso mesmo que a Bíblia nos ensina? De fato, o Arrebatamento da Igreja será secreto?

 Vejamos abaixo quais são os textos mais utilizados para defender um Arrebatamento Secreto. Não irei discutir a questão da Igreja e a Grande Tribulação. Para isso leia o texto “A Igreja Passará Pela Grande Tribulação? “.

 A volta de Jesus será como um relâmpagoFoi o próprio Jesus no Sermão Escatológico que define Sua vinda como um relâmpago (Mt 24:27; Lc 17:24). O problema é que muitas pessoas interpretam esse texto de maneira equivocada, e acreditam que Jesus estava ensinando que Sua vinda será tão “rápida” como um “relâmpago que sai do oriente e se mostra no ocidente”, e, logo, o evento será então invisível, imperceptível e secreto. Porém não é isso que o texto está dizendo.

 Quando Jesus ensinou que Sua vinda seria como um relâmpago Ele não estava querendo dizer que ninguém iria perceber esse momento, ao contrário, Ele utilizou o exemplo do relâmpago para trabalhar duas verdades sobre Sua vinda: será repentina e visível.

 A volta de Jesus será repentina, assim como o relâmpago que em uma tempestade todos sabem que pode ocorrer, mas ninguém consegue prever exatamente quando e onde ocorrerá. Às vezes somos surpreendidos por um raio caindo em um local próximo a nós e, geralmente, ficamos surpresos e assustados, pois foi repentino, mas isso não implica que esse acontecimento foi secreto e invisível.

 É fundamental então percebermos que “repentino” não é a mesma coisa que “secreto”. É lamentável que alguém interprete essa passagem de maneira errada, pois contradiz o principal objetivo de Jesus ao dar esse exemplo. Para entendermos isso basta considerarmos o versículo anterior a este e que levou Jesus a usar tal exemplo:

 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.

(Mateus 24:26)

 Note que Jesus alerta que muitos estarão anunciando que o Cristo estará em diversos lugares, mas isso será mentira porque quando Ele realmente vier todos perceberão, pois será como um relâmpago. O exemplo do relâmpago é muito claro e fácil de entender já que é impossível comparar o aparecimento de um relâmpago com algo imperceptível e secreto. Quando um relâmpago aparece no céu ele se mostra esplendoroso, visível a todos, ilumina o céu até mesmo quando ocorre durante o dia, seu barulho é estrondoso e, para grande parte das pessoas, ele é apavorante. Diante desses aspectos é que Jesus usa tal expressão. Não há como não perceber um relâmpago quando ele ocorre. Por fim, no original a expressão de Jesus remete ao sentido de evidência, um evento perceptível e sem ambiguidade, porém sobretudo repentino.

 A volta de Jesus será como um ladrão

Essa é outra expressão que muitas vezes é mal compreendida. Novamente Jesus utilizou um exemplo que demonstra a natureza inesperada de Sua vinda, e em nada tem a ver com um evento secreto.

 O Apóstolo Pedro que estava presente nesse sermão de Jesus também utilizou o mesmo exemplo em sua segunda Epístola:

 O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada.

(2 Pedro 3:10)

 Podemos claramente notar que Pedro coloca o exemplo do ladrão para afirmar como esse momento será inesperado (ver 2 Pe 3:3-4), porém totalmente visível. Não existe a menor possibilidade de o evento descrito no versículo acima ser secreto.

 Para quem ainda não se convenceu, também podemos considerar a versão do apóstolo Paulo sobre esse momento, e utilizando o mesmo exemplo do ladrão:

 Irmãos, quanto aos tempos e épocas, não precisamos escrever-lhes,  vocês mesmos sabem perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão à noite.

Quando disserem: “Paz e segurança”, então, de repente, a destruição virá sobre eles, como dores à mulher grávida; e de modo nenhum escaparão. Más vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os surpreenda como ladrão. (1 Tessalonicenses 5:1-4)

 No texto aos Tessalonicenses, Paulo ensina primeiramente que não adianta marcar datas e fazer previsões, pois a vinda de Cristo será inesperada, assim como o ladrão à noite, porém quando esse momento chegar será de grande destruição para os ímpios. No versículo 4 ele explica que os verdadeiros cristãos não serão surpreendidos.

 Num abrir e fechar de olhos

1 Coríntios 15:51-53 também é utilizado para tentar defender um Arrebatamento Secreto, e a frase preferida é “num abrir e fechar de olhos”. Considerando principalmente o texto em grego (idioma que foi escrito originalmente), o que Paulo está tratando é a questão da imortalidade e o caráter sobrenatural e misterioso desse momento, pois pessoas que já morreram terão seus corpos ressuscitados instantaneamente, revestidos de incorruptibilidade, ao soar da trombeta, juntamente com quem estiver vivo na ocasião. Paulo, mais de uma vez, escreveu exortações de consolo aos cristãos que estavam tristes com a perda de seus entes queridos, e também para esclarecer que os que já morreram não estavam em desvantagem diante da volta de Cristo.

 O encontro com o Senhor nos ares

Escrevendo aos Tessalonicenses, Paulo, mais uma vez, fala exatamente sobre o mesmo momento descrito na Epístola aos Coríntios:

 Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que dormem.

Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.

Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com estas palavras. (1 Tessalonicenses 4:15-18)

 É fácil perceber que Paulo está falando do mesmo evento de 1 Coríntios 15, e nesse texto aos Tessalonicenses fica ainda mais claro o objetivo de confortar os cristãos acerca da morte. Por incrível que pareça esse texto é talvez o mais utilizado para defender o Arrebatamento Secreto, principalmente sob a frase “para o encontro com o Senhor nos ares”, que segundo quem defende essa teoria, Cristo ficará nas nuvens e não tocará a terra.

 Sobre isso, primeiramente precisamos dizer que a afirmação de que Cristo virá nas nuvens é uma informação que encontramos amplamente em outras passagens bíblicas (Dn 7:13; Mc 13:26; 14:62; Ap 1:7) e nenhuma dessas passagens ensina qualquer coisa relacionada a um Arrebatamento Secreto ou invisível. Se pegarmos a referência de Marcos 13:26 o próprio Jesus afirma que “então verão vir o Filho do homem nas nuvens”. O Apóstolo João também estava presente nesse sermão e entendeu perfeitamente as palavras de Jesus, sendo que em Apocalipse 1:7 nada contradiz o que Jesus já havia falado.

 Sobre o fato de a Igreja encontrar com o Senhor nos ares, o termo grego utilizado para descrever essa situação (eis apantesin tou Kyriou) é uma expressão antiga para se referir as boas vindas cívicas de uma visita importante, ou para saudar a entrada triunfante de um soberano na cidade. Por exemplo: quando alguém de muita autoridade visitava uma cidade, os principais cidadãos saiam ao seu encontro para acompanha-lo na última etapa do caminho. A mesma expressão é utilizada na Parábola das Dez Virgens, onde as virgens saíram ao encontro do noivo (eis apantesin tou Kyriou). Pelo costume da época, o noivo ia à noite até a casa da noiva e as virgens encontravam o noivo no caminho com uma recepção festiva e o acompanhava voltando até a casa da noiva.

 No versículo 16 Paulo não deixa dúvida de que não se trata de um momento secreto e invisível, pois será “dada a ordem, com voz de arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus”. O ressoar da trombeta, a ressurreição dos mortos em corpos ressurretos, o ajuntamento dos que estiverem vivos tendo seus corpos transformados e a recepção festiva ao nosso Senhor nos ares, conforme vimos acima, em nada me parece um momento secreto, invisível e instantâneo.

 Um será levado e outro será deixado

Essa passagem pode ser encontrada em Mateus 24:40, e, embora essa passagem também seja utilizada para supor um Arrebatamento Secreto, não é isso que o texto está dizendo. Se lermos atentamente perceberemos que no versículo 39 Jesus usa como exemplo os dias de Noé, onde as pessoas tinham seus afazeres até que veio as águas do Dilúvio e levou a todos eles, sendo salvo apenas Noé e sua família. Note que quem foi levado não foram os justos (Noé e sua família), mas os ímpios pelo Dilúvio, ou seja, o que o texto está descrevendo é o juízo de Deus, onde será separado o justo do ímpio do justo. No mesmo capítulo 24 de Mateus no versículo 51, após uma pequena parábola, Jesus responde como será essa separação e para onde estes serão levados, no caso, a um lugar de pranto e ranger de dentes. Na passagem correlata em Lucas 17 no versículo 37 Jesus também ensina o mesmo principio.

 Receber Estudos da Bíblia

O Arrebatamento da Igreja será um evento visível

Biblicamente não resta dúvida de que a volta de Cristo será um momento incomparável, um evento de proporções inimagináveis, de grande glória e visível a todos.

 No Sermão Escatológico, Jesus não fez referência alguma a um Arrebatamento Secreto (se fez então realmente foi secreto, pois não podemos encontrar no texto). Paulo e o apóstolo Pedro também de forma alguma ensinaram essa doutrina e em Apocalipse o Apóstolo João nem se quer cita tal possibilidade (ele também entendeu os ensinos de Jesus). Sem contar que os termos gregos utilizados para se referir a esse momento (apokalypsis, epiphaneia, parousia e harpazo) são utilizados de forma intercambiáveis, e, dependendo do contexto, no máximo se complementam, isto é, não sugerem nenhuma distinção de eventos entre um “secreto” e outro “visível”.

 Embora alguns defendam que há indícios de que no século IV d.C. Efraim da Síria parece ter ensinado algo parecido, podemos dizer que oficialmente a origem do Arrebatamento Secreto esteja no século IXX, onde o Pré-Tribulacionismo começou a ser ensinado massivamente.

 Foi também nesse período que ocorreram muitas supostas revelações acerca de uma arrebatamento secreto da Igreja, ou pelo menos de uma parte dela. Uma das mais conhecidas revelações é da de uma jovem da Igreja de Edward Irving, que relatou ter tido uma revelação particular de que alguns cristãos seriam arrebatados secretamente (pouco tempo antes dela, essa teoria estava começando a se formar).

 Alguns dizem que J. N. Darby, membro dos chamados Irmãos de Plymouth e considerado o maior expoente do Dispensacionalismo, adaptou essa revelação e considerou essa visão como uma nova revelação do Espírito Santo para a Igreja. Outros já afirmam que J. N. Darby nunca foi influenciado pela revelação da jovem, sendo que ele mesmo a considerava uma pessoa perturbada.

 Seja como, certo é que ali surgia uma nova doutrina. J. N. Darby acoplou esse novo ensino sobre o arrebatamento dentro de seu método teológico dispensacionalista de esquematizar a Bíblia e se dedicou bastante em ensiná-lo através de viagens, livros e artigos. Mas foi com C. I. Scofield e a publicação da Bíblia de Referência Scofield em 1909 que vendeu milhões de cópias, que o arrebatamento secreto se tornou mundialmente popular.

 Embora discorde profundamente dessa teoria, penso que esse não deva ser um motivo de divisão entre os cristãos. Secretamente ou visivelmente, o importante é almejarmos incessantemente pelo momento da volta do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Laguna 20/03/2024 GMA