A Bíblia registra que Jesus chorou em três ocasiões diferentes. Isso reflete claramente sua natureza humana.
1) No túmulo de Lázaro
(João 11:35)
Quando Jesus chegou em Betânia, e viu a
família e os amigos de Lázaro em luto, por que Ele chorou? (João 11:33-35)
Jesus certamente sabia que Lázaro logo
estaria vivo novamente, pois era para isso que ele tinha ido a Betânia. Diante
disso, percebe-se que Jesus chorou não porque Lázaro estava morto, mas pelo
fato da morte ser uma consequência do pecado de Adão e Eva.
O verbo "chorar" contido em João
11:35 quer dizer derramar lágrimas, chorar silenciosamente. É a única vez que é
usado no Novo Testamento. Nessa ocasião Jesus não chorou, em altos prantos,
como os que lamentavam ao seu redor.
Embora João 11:35 não diga especificamente
por que Jesus chorou, é possível inferir outra razão no contexto: Jesus estava
triste pelo fato da morte ser resultado do pecado da humanidade. O pecado
entrou no mundo quando Adão e Eva comeram o fruto da árvore proibida: "o
Senhor Deus ordenou ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás
livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do
mal não comerás, porque no dia em que dela
comeres, certamente morrerás " (Gênesis 2:16-17).
Enquanto a multidão estava alegre, Jesus
chorava! Essa é a segunda vez que Jesus chorou publicamente. No túmulo de
Lázaro Ele chorou silenciosamente, nessa ocasião sua lamentação foi em voz
alta, como era de costume daqueles que eram pagos para prantear nos velórios. O
choro de Jesus por Jerusalém tinha uma razão, a cidade trouxe destruição a si
mesma.
A palavra "chorou" (Lucas 19:41)
significa "um choro com soluços e gemidos". Nesse episódio Jesus
lamentou sobre a cidade de Jerusalém. Ele sofreu uma profunda angústia,
expressada por sinais de ais, gemidos e dor.
O magnífico Templo, os Palácios, os jardins
dos Judeus ricos e a grande muralha cercando a cidade formavam uma vista de
grande beleza e esplendor. Embora tudo aquilo fosse lindo, levou Jesus às
lágrimas. Ele via coisas que outros não viam, a futura destruição da cidade de
Jerusalém. Todos os esforços de Jesus para reverter a tragédia haviam sidos
repelidos e rejeitados. Somente o arrependimento e a aceitação de Jesus como
Salvador poderiam evitar a destruição.
Para onde Jesus olhava, encontrava razões
para chorar. Ele olhava para trás e via que Jerusalém desperdiçou suas chances
e deixou passar o tempo da "visitação". Quando olhava para dentro da
cidade, via a incompreensão e o vazio espiritual no coração do povo. Deus já
havia enviado seus profetas e mensageiros para preparar-lhe o caminho, mas o
povo não conhecia quem era Jesus.
Olhando ao redor, Jesus via celebrações
religiosas vazias e sem espiritualidade. O templo se tornara um covil de
ladrões e aproveitadores, e os líderes religiosos estavam determinados a matar
o messias. A cidade encontrava-se cheia de pessoas de várias regiões
comemorando uma festa, mas o coração do povo estava pesado com os fardos da
vida e com seus pecados.
Olhando para o futuro, Jesus via o inevitável
e terrível julgamento que sobreviria à nação, à cidade e ao templo. Jerusalém
já não tinha esperança pois o pecado, o preconceito, a rebeldia e a presunção
ocultaram de seus olhos as condições necessárias para obterem a paz. Diante
disso, só restava a destruição.
No ano 70 d.C., o exército romano rodeou
Jerusalém por 143 dias. Nesse episódio o Templo foi incendiado e destruído.
Milhares foram levados como escravos e seiscentos mil judeus foram mortos. Isso
aconteceu porque o povo não levou em consideração a visitação de Deus.
"Veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (João 1:1
“Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo
oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia
livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade”. (Hebreus 5:7).
Alguns pensam que Jesus chorou por medo da
morte. Porém, o significado mais aceitável para a expressão: "Pai, se
queres, afasta de mim este cálice" é que Sua alma estava aflita por causa
dos aspectos dessa morte.
Jesus nunca havia conhecido a mancha do
pecado, nem experimentado a separação da comunhão com o Pai, mas o cumprimento
de sua missão o levaria à solidão, pois o Pai teria que se afastar para que Ele
pudesse morrer. Assim, Jesus estava prestes a sofrer tudo isso ao assumir a
culpa da humanidade. Desta forma, seria impossível Jesus experimentar a
separação do Pai sem sentir dor.
Portanto, Jesus deu passos decisivos e firmes
rumo à sua crucificação e morte. Isso exclui o pensamento de que Jesus queria
escapar da morte física na cruz. 23/07/2022 Gercino