Romanos 2:17-29:
O ORGULHO DE SER JUDEU.
Algumas
pessoas podem ser moralmente boas, mas não religiosas e outras são muito religiosas,
mas nem tão morais, mas os judeus eram os dois.
Primeiro,
nos versos 17 a 19, Paulo lista seis motivos de orgulho dos judeus:
1.
"tem por sobrenome judeu”: eles eram orgulhos de sua nacionalidade,
felizes por serem judeus.
2.
"repousas na lei": o orgulho em ter e conhecer a lei que Deus revelou
ao ancestral deles, Moisés no Monte Sinai (Ex. 19-31). Paulo trata, agora,
trata de um terceiro grupo de pessoas e, portanto, volta à pergunta: “Os judeus
quais as leis foram dadas também estão perdidos?”. A resposta, evidentemente, é
afirmativa.
3.
"gloria-se (orgulha-se) de Deus":
Deus havia escolhido o povo de Israel como seu povo (Ex. 19:4-6).
Conheciam a vontade de Deus, pois uma descrição dessa vontade é apresentada na
Escrituras.
4.
"sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes": eles estavam
aptos para tomarem decisões éticas corretas, e eles estavam prontos para ver as
escolhas erradas que os outros tomavam. Seguindo a lei e suas regulações
detalhadas dava a eles um senso de estarem agradando a Deus, particularmente
quando se comparavam com os outros.
5.
"são instruídos na lei": eles
não só tinham a lei, mas a dominavam. Eles podiam recitá-la, fazer referência
cruzada, e ir fundo nos detalhes dela.
6.
"confias que és guia dos cegos": eles sabem que eles podiam ver e os
outros não podiam, então espalhavam o conhecimento da lei. Orgulhava-se de ser
guia dos moral e espiritualmente cego, luz dos que se encontram nas trevas da
Ignorância.
Paulo
não está dizendo que há algo de errado em ser um judeu com conhecimento da lei
de Deus e usar esse conhecimento para tomar decisões ou mesmo buscar
compartilhar este caminho com os outros.
O
problema é que eles repousaram na lei. Fizeram da nacionalidade e da sua
moralidade (boas coisas) num sistema de salvação. O conteúdo da lei é bom, mas
usar a lei como o caminho para a vida eterna leva apenas a morte.
Há
uma diferença crucial entre moralidade e moralismo.
"O
moralismo é extremamente comum, e sempre tem sido. É a maior religião no mundo
hoje. É a religião das pessoas que se comparam com as outras, que dizem que são
muito mais decentes que as outras pessoas e concluem se há um Deus, Ele
certamente me aceita porque eu sou uma boa pessoa".
Como
saber se não viramos cristãos moralistas? Se eu repouso em qualquer que que eu
faço, eu sou um moralista funcional.
Keller
faz uma paráfrase do texto paulino trazendo para o nosso contexto de hoje:
"Se
você se chama de um crente nascido de novo e você tem certeza que você está bem
com Deus porque você assinou um cartão de compromisso, ou desceu no batistério,
ou fez uma oração e realmente você chorou naquela noite. Você se lembra que
teve sentimentos fortes em relação a Deus, você deve ter mesmo se convertido
naquela noite. E, desde então, você memorizou dezenas de versículos das
Escrituras, e você sabe a resposta certa para uma grande gama de questões. E
você leva pessoas para ter um compromisso com Cristo no estudo bíblico que você
lidera. e você quer se aprofundar na Palavra".
Paulo
lista três maneiras como a moral autoconfiante judaica não está praticando
aquilo que prega. Primeiro, rouba. Segundo, comente adultério. Terceiro,
abomina a idolatria, mas comete sacrilégio (ou rouba os templos).
O
moralismo é inconsistente em nosso comportamento, temos a lei, mas ninguém a
guarda. E nós a quebramos em duas formas, primeiro há a hipocrisia total
ocasional, que pode ser espetacular (roubo mesmo) ou diária (pequenas fraudes).
Segundo,
há os pecados contínuos do coração e dos motivos é o que Paulo quis dizer com a
última acusação, Paulo está em sintonia com o pensamento de Jesus em Mateus
5:21-48, incluindo os motivos do coração como ações pecaminosas.
A
verdadeira religião envolve tanto os motivos do coração como os atos físicos,
podemos rejeitar se ajoelhar fisicamente perante um ídolo, mas podemos estar
adorando o mesmo ídolo em nosso coração. Se deixamos qualquer coisa ser o nosso
sentido na vida - poder, conforto, aprovação, posses, prazer, controle - nós
estamos violando o mandamento contra a idolatria assim como aqueles que se
ajoelham perante estátuas. Se tratamos a religião como a nossa salvação, então
você está violando o mandamento também- você pegou a estátua pagã do templo e a
renomeou de moralidade e está adorando a ela. Em outras palavras, é bem
possível usar a religiosidade para ocultar os nossos ídolos do coração da
carreira, sexo, reputação e assim por diante ou mesmo fazer da própria
religiosidade um ídolo.
Se
você apenas descansa sobre suas conquistas espirituais, você irá menosprezar
aqueles que falharam nas mesmas áreas. Você irá ser frio ou, pior, condenatório
com aqueles que estão lutando. Ao invés de palavras de encorajamento ou ajuda
para levantar, você vai fofocar sobre eles para os outros, mostrando a si mesmo
em comparação. Um sinal desta condição é que as pessoas não querem compartilhar
seus problemas com você, e você fica muito defensivo se elas apontarem seus
problemas para você.
Romanos
2.23-24: Tu, que te glorias na lei,
desonras a Deus pela transgressão da lei? 2.24
Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios
por causa de vós.
O resultado é que o moralismo desonra a Deus. A vida do legalismo religioso é sempre desagradável para quem está fora da fé. Um moralista sempre será:
esnobe, porque ele é uma pessoa boa. muito sensível, afinal sua bondade é sua justiça então ela não pode ser depreciada. Julgador, porque ele precisa achar os outros piores que ele para ser bom.ansioso, nunca acham que fizeram o suficiente.
Algumas
pessoas hoje podem pensar que a membresia e o batismo sejam marcas de uma
posição superior em relação às outras pessoas como os judeus pensavam a
circuncisão. O que importa é o batismo interno, uma membresia de coração ao
povo de Deus que são obras sobrenaturais e não humanas.
A
ortodoxia morta é uma forma de cristianismo onde as doutrinas básicas são
assumidas, mas elas não trazem nenhuma diferença interna, é uma coisa de fora
para dentro. Mas, o verdadeiro evangelho nos transforma de dentro para fora,
tudo que fazemos flui de quem somos agora transformados.
Ortodoxia
morta: Há certas igrejas cujas doutrinas fundamentais são sustidas pela maioria
das pessoas, mas o evangelho não é compreendido e nem revitaliza suas vidas.
Novelasse
escreveu: "Muito do que temos interpretado como um defeito da santificação
em membros de igrejas realmente é o resultado de uma perda de peso na doutrina
da justificação. A importância deste princípio não pode ser inferiorizada. É um
grave erro pensar que as congregações mortas simplesmente necessitam ser mais
santificadas quando em realidade não compreendem o evangelho. Os cristãos que
já não estão seguros em Deus, que Ele os ama e aceita em Jesus, disparte de
seus feitos espirituais presentes são, na realidade, pessoas que tem uma
radical insegurança inconscientemente".
A
ortodoxia morta converte a igreja em uma teia religiosa onde as pessoas
necessitadas se congregam semanalmente para que as diga que estão bem. Sua
religiosidade é desenhada para não necessitar depender de Cristo como seu
verdadeiro salvador. Há vários tipos básicos de ortodoxia morta.
Em
primeiro lugar, existe o tipo legalista. Este se encontra geralmente em igrejas
conservadoras, independentes. Se ajustam a códigos de conduta. Necessitam ouvir
que estão no caminho correto e que os liberais estão errados. Para além de sua
fé intelectual no evangelho, na vida prática esperam ser justificados por sua exatitute
teológica e sua obediência aos códigos e regras.
Em
segundo lugar existe a variedade da igreja de poder. Neste tipo, as pessoas são
desafiadas a ver Deus através de milagres mediante sua fé e sujeição. O grau de
subserviência e fé chega a converter-se de uma maneira que estas pessoas se
sentem justificadas frente a Deus. Se sentem confusos quando as curas e as
respostas às orações não acontecem, creem, então, que a fé não foi suficiente.
As pessoas nunca estão seguras se estão se sujeitando o suficiente.
Em
terceiro lugar, existe o tipo sacerdotal em que as pessoas dominadas pela culpa
são tranquilizadas pela beleza da forma litúrgica. A música, arquitetura e
fineza estética dos cultos ajudam as pessoas a sentir-se efêmeras acerca de
Deus.
Em
quarto lugar, está a variedade presunçosa que geralmente se encontra nas
igrejas históricas, onde a maioria das pessoas creem nas verdades bíblicas
básicas, mas, cujas consciências são apaziguadas por um Deus é demasiado
perdoador para castiga as pessoas boas que fazem coisas boas pelos
necessitados.
O
que importa é ter a realidade do que o sinal representa. Um coração
circuncidado é um coração transformado, que busca a oração não por conta da
culpa ou do dever, mas do amor ao Pai, porque há um senso da presença, da
proximidade e da bondade de Deus.
A
circuncisão era um sinal visual da penalidade pela quebra do pacto. Nos tempos
antigos, você não assinava o acordo, você agia a partir da maldição que você
aceitava em caso de quebra do pacto como está em Gn 15:9-21.
A
circuncisão era um sinal para Abraão que se ele rompesse o pacto ele seria
cortado do relacionamento com Deus. Mas ninguém pode sustentar o pacto, este é
o ponto de Paulo aqui em Romanos 2. Então, como alguém pode ter um
relacionamento com Deus?
Por
que o corte da circuncisão como sinal já aconteceu. Paulo em Colossenses 2:11
diz:
no
qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo
do corpo da carne: a circuncisão de Cristo.
Em
sua cruz, Jesus foi cortado, Ele foi abandonado pelo Pai (Mc 15:34), tirado da
terra dos viventes (Is 53:8). Ele foi realmente circuncidado, ele estava
carregando a maldição da quebra do pacto. Ele sofreu a pena dos quebradores da
lei sejam religiosos ou irreligiosos, nele fomos circuncidados.
Quando
o Espírito trabalha em alguém, dá a circuncisão do Filho. Nem a nossa
performance religiosa ou nossa falta de religião importa. Através da aplicação
pelo Espírito do trabalho do Filho em nós, o Pai nos vê como frutos de louvor e
não de condenação como está em 2:29. Não precisamos louvar a nós mesmos, ou viver
pelo louvor dos outros, o nosso Pai Celeste nos vê como uma beleza.
quarta-feira,
29 Setembro 2021
Gercino Maximiano de Araujo