Silvanira Maria de Araujo, no final dos anos 50 conheci-a na cidade de Mantena MG, de mudança para a referida cidade, fui morar perto da casa de seus pais, de forma que da minha varanda eu via a janela da sua cozinha; aliás, cozinhar; é coisa que ela fazia muito bem, e começamos nos olhar à distância; alguns dias se passaram possivelmente até meses, e num desses dias cheguei em casa e verifiquei que atrás do meu porta retrato havia alguma coisa colocado propositalmente; era um bilhete, me pedindo em namoro.
Começamos a namorar e em menos de dois anos,
nos casamos no dia 10 de fevereiro de 1961, e em pouco tempo nos mudamos para
São Gabriel da Palha e dali para Colatina ES. De família fumante ela também
fumava, o que não foi difícil pois ela prometeu deixar, o que fez em seguida;
depois com sua gravidez começaram os desejos da gravidez e tivemos um
pouco de dificuldade, mais uma vez o Senhor nos deu a vitória; nasceu Gercimar
de Araujo, 08 de novembro de 1963 num parto dramático, feito por uma cesariana,
que quase perdi os dois; mãe e filho, mas pela providência de Deus, que nunca
me abandonou, permaneceram comigo os últimos 62 anos.
Sua conversão: Fomos morar numa casa atrás da
Casa de Oração, e frequentava as reuniões, eu desviado e ela oriundo do
catolicismo; “não sei se vocês sabem, mas crente tem mania de visitar pessoas”
e numa destas os lideres da igrejas e algumas mulheres, foram nos visitar; e o
resultado foi que naquele dia salvaram-se duas almas.
Eu estava desempregado; dois dias depois, do
Parto surgiu aquele que até hoje seria o meu melhor emprego; não pensei, duas
vezes: fui atrás do emprego que ia estabelecer o equilíbrio das contas que
acabava de surgir por conta do nascimento do meu primeiro filho. Enquanto eu
viajava para o Rio de Janeiro em busca do emprego, minha mãe e minha sogra,
assumiram o sustento do nosso recém-nascido.
Nesse meio tempo, entre idas e vindas a
Colatina e Mantena em visita seus pais que moravam lá; sofremos um acidente; e
aí surge uma heroína, grávida da nossa próxima filha, a seis meses, numa queda
de seis tombos em uma barreira, surgia a guerreira Silvanira segurando e
protegendo seus filhos segurando um em seus braços e outro em seu ventre, para
que nada lhes acontecesse. E assim foi.
Três a quatro meses depois nasce Silvia
Helena de Araujo em 19 de agosto 1966, saudável e linda, mais um fruto de
milagre, e a Silvanira passa por mais uma cesariana, menos traumáticas, mas sofrimentos
proporcionais ao primeiro.
Em 1968 chegamos no Rio de Janeiro, mais
precisamente no dia 10 de dezembro.
Naquele tempo podia passear da Rodoviária à
Praça Mauá sem ser incomodado; foi nessa ocasião é que eu chegava ao Rio de
Janeiro trazendo a Silvanira e dois Filhos; Gercimar de Araujo e Silvia Helena
de Araujo; na bagagem muita esperança, se não foi o que eu esperava, deu pra eu
cumprir o meu dever de pai de esposo, passando por todos os perrengues comuns
aos cariocas. Venci porque o Senhor sempre esteve comigo, me guiando os passos.
Chegando; recebemos a notícia que ninguém queria ouvir: sua casa não ficou
pronta; respirei fundo, levantei a cabeça buscando lembrar de alguns conhecido
que morasse no Rio e me lembrei do irmão Gerson que eu conhecia em Baixo Guandu
ES. Fui pra Senador Camará; o sossego não tinha, naquele tempo já havia balas
rasantes por todos os lados. Não aguentei mais que dois dias. Fui buscar abrigo
na ilha do Governador no quarto do Laerte funcionário da Light e irmão da
Silvanira e por lá ficamos até a casa em São João de Meriti ficar pronta, foi
quando me senti abrigado com a família.
Mas faltava mobiliar a casa, tínhamos vendido
tudo em Colatina, para comprar aqui; mas ainda não havia feito a reposição, e
aguardávamos a chegadas de outras coisas que trouxemos.
Casa Nova – que maravilha! Faltava o fogão,
panelas e prato aí entra o improviso – vamos a feira disse eu; a” Guerreira” ao
meu lado, não importava as circunstâncias, e juntos decidimos a comprar: 1
Fogareiro a gás, 2 Panelas pequenas, 4 pratos e alguns talheres, 1 ou 2 canecas
talvez; há um detalhe o chão era cimento com vermelhão o que deixava a Silvia
toda suja e vermelha, só se via o seu olho. (linda minha filhinha); o Gercimar
já grandinho, tocando terror pelo quintal, que lhe rendeu um corte profundo no
rosto, e ate hoje traz a marca.
Três meses depois mudamos para Niterói, onde
fiquei até o final 1969.
Fui morar no Galo Branco numa casa alugada,
até que encontramos a minha tia Luciana irmã da minha mãe; morando no Jardim
Catarina, pra onde me mudei em seguida, alugando uma casa por um ano com
pagamento adiantado.
Findo este tempo, com recursos remanescentes de
Colatina, comprei um terreno em Laranjal São Gonçalo RJ, ali construí um
quarto, 4x4, banheiro do lado de fora, reuni a família e fomos morar no
referido; usando o fogão, um sofá cama, as duas poltronas pequenas viraram cama
pro Gercimar, a Silvia continuava no seu berço; o restante dos móveis,
amontoados num dos cantos do quarto até que pudéssemos aumentar aquele quarto para
uma de casa de seis cômodos.
Ali ficamos, de 1970 a 1976, quando mudamos
para a atual Rua Iára nº
61 Bairro laranjal CEP 24720-350 São Gonçalo RJ
A vida, continua, filhos na escola, julho
Lima, mais tarde, Estefânia de Carvalho, ali estudaram durante todo o tempo
possível, Colégio Batista do Laranjal, e “Seminário Teológico onde fiz o Básico
em teologia, que me ajudou muito no crescimento espiritual, que pela graça de
Deus pude, exercer o meu ministério com sabedoria.
O preço de morar e trabalhar numa metrópole:
Sair de madrugada e não ter hora pra voltar, ver os filhos de vez enquanto; é
nesse momento que damos o devido valor a nossas companheiras, estão sempre
prontas a segurar a responsabilidade do lar durante a sua necessária ausência,
para prover o sustento na criação e educação dos filhos.
Por isso faço uma justa homenagem (póstuma) à
minha amada companheira Silvanira que com unhas e dente defendeu, o nosso
patrimônio Sentimental, Moral e social, ensinando e protegendo nossos filhos,
minha verdadeira representante; já que eu estava nas estradas do nosso pais buscando
os recurso para sobrevivência da família.
Nas estradas do nosso país: nesse ponto surge uma mulher mais forte ainda, sempre suprindo minhas ausências, superando obstáculos, com a minha ausência de até três meses fora de casa em viagens, nacionais e internacionais, sendo na sua maioria, domésticas, trabalhando em linhas regulares, viajando para grande parte do país, nas mais renomadas empresas de transporte coletivos interestaduais.
Numa destas idas e vindas de que a Lima no Peru,
passando pelo sul, Uruguai, Argentina, e Chile em uma aventura e tanto, foi
nesta viagem que aconteceu o episódio da Cordilheira dos Andes.
De retorno ao Brasil saindo de São Tiago do
Chile, induzido pelo guia e a curiosidade paguei pra ver, e passamos pela
Cordilheira dos Andes, Monte Aconcágua, quase sete mil metros de altura (7.000mtr)
e dessa altura fomos a quatro mil e duzentos metros (4.200mtr) era até onde
passava a estrada, não vou detalhar as minúcias da viagem, para não sofrer duas
vezes; pra se ter uma ideia do perrengue, num período de 28 a 30 km, a viagem
durou 14 horas; imaginem o que foi essa aventura, chegamos na aduana da
argentina passei o carro o outro motorista pois viajamos em dupla.
Chegado em Córdoba, tive uma queda de pressão
e dormi por três dias seguido, acompanhado por médicos passageiros, no final
acordei e prosseguimos viagem para Mendonza dali, para Santa FÉ, Assunção no
Paraguai e Foz do Iguaçu, retornando ao Rio, Paraná, São Paulo, e Rio de
Janeiro. Soma dos dias viajados 93 dia.
Foi uma única viagem internacional que fiz.