quarta-feira, 20 de março de 2013

A CEIA

A Ceia


1 Coríntios 11.17-34

Amada congregação do Senhor Jesus Cristo,

Quando celebramos a santa Ceia, aqui nesta região de São José e Maragogi, temos o costume de esperar pelos outros. Nenhum irmão põe o pedacinho de pão que recebe logo na boca. Primeiro todos recebem seu pedacinho de pão. Só depois, quando todos tiverem o pedacinho de pão na mão, os irmãos levantam as mãos para pô-lo na boca. Todos comem o pão exatamente no mesmo momento, levantando ao mesmo tempo as mãos, como se fosse um só movimento, o movimento de um só corpo. Da mesma forma procedemos também quando recebemos o vinho. Os irmãos esperam pelos outros, e só bebem quando o último irmão tiver o copinho na mão. Este procedimento, o procedimento de comer e beber simultaneamente, parece um detalhe de menor importância. Porém, podemos entender que este detalhe é muito bonito. O costume de todos nós comermos e bebermos simultaneamente, nos mostra de uma forma bastante expressiva o sentido mais profundo da santa Ceia. Qual é esse sentido mais profundo da santa Ceia? É que podemos experimentar a alegria de vivermos todos em comunhão com Cristo, e que todos nós, pela comunhão que temos com Cristo, somos um.

“Esta também é a forma usada na Igreja em Duque de Caxias (Central)”

Em Corinto, onde havia uma igreja de Cristo, a maneira de celebrar a santa Ceia, era bem diferente da nossa prática. Os irmãos de lá não usavam um pedacinho de pão, nem aqueles copinhos que nós temos. Os irmãos da lá marcaram a ceia do Senhor, reunindo-se numa casa residencial ou num galpão. Eles traziam pão, vinho e mais outros alimentos. Alguns traziam bastante, outros traziam pouco. Mas isto não foi problema não. O importante era a participação de todos os irmãos em Cristo. Todos se reuniram para jantar. Todos comiam e bebiam até ficarem satisfeitos. Foi um encontro, onde os irmãos podiam alegrar-se juntos, dando graças ao Senhor e cantando louvores a Deus. No fim do jantar, eles partiram o pão em memória de Cristo e também levantaram o cálice em memória de Cristo, relembrando a morte do Salvador. Assim, a ceia do Senhor era uma ceia mesmo. Os irmãos jantaram juntos, e desta forma eles tinham uma oportunidade de sentir muita comunhão e alegria.

Agora, os irmãos em Corinto não comeram e beberam simultaneamente. O que aconteceu em Corinto foi o contrário. "Eles não esperaram pelos outros", diz o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 11:21. O que aconteceu foi o seguinte. Chegaram primeiro pessoas com muita comida e várias garrafas de vinho. Elas logo começaram a comer e beber. Depois chegaram ainda outros irmãos, entre eles também irmãos necessitados, que largaram mais tarde de seu serviço. O que aqueles irmãos necessitados presenciaram, ao entrar na sala onde os irmãos estavam, foi o seguinte: Eles viram que os irmãos, que tinham chegado primeiro, já comeram e beberam bastante. Pior ainda. alguns irmãos até se encontravam em estado de embriaguez. Não tinha sobrado nem pão nem vinho para os irmãos necessitados que chegaram atrasados. Assim alguns irmãos voltaram para casa, com fome, e certamente também com muita tristeza. Pois perdeu-se uma oportunidade para experimentar a comunhão fraternal. A santa ceia lá em Corinto virou uma desgraça. O apóstolo Paulo até disse: "Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor" (1 Coríntios 11:20). Ou seja: a ceia de vocês lá em Corinto, onde alguns se deitam bêbados debaixo da mesa enquanto outros não acham nada para comer, não é a santa ceia.

Qual foi o problema, lá em Corinto? Será que a situação teria sido melhor, se eles tivessem conhecido a nossa maneira de celebrar a santa ceia? Será que comendo e bebendo simultaneamente, a ceia do Senhor é celebrada de uma forma mais digna? Não, irmãos, não é um ritual ou um costume que faz a diferença. Por trás da anarquia na hora da santa Ceia em Corinto, havia outro problema. Até os cultos e as reuniões não eram uma bênção. Os cultos e as reuniões lá em Corinto mais faziam mal do que bem (1 Coríntios 11:17). Havia divisões. Os irmãos não eram um só corpo, como devia ser. Havia divisões e divergências. Havia irmãos, que não eram irmãos. Eles estavam lá, mas não estavam lá para submeter-se a Cristo e servir aos outros. Eles estavam na igreja, mas não eram crentes de coração. Alguns irmãos, não suportavam os outros. Alguns irmãos, não falavam com determinados outros irmãos. Os irmãos não eram um. É por conta disto, irmãos, que a santa Ceia em Corinto virou uma desgraça e uma confusão.

De fato, a forma de celebra a santa ceia, comendo e bebendo simultaneamente, ou esperando cada um a sua vez para comer o pão e beber o vinho (com se faz em muitas igrejas), não importa muito. O que realmente importa é se os irmãos entendem ou não o sentido da santa ceia. A santa ceia não é ceia qualquer. Não é um jantar comum, onde todos chegam só para encher a barriga, limpar a boca e voltar para casa. A santa ceia é a ceia instituída pelo Senhor Jesus Cristo. Na noite em que ele foi traído, ele pensou em nós, e instituiu a santa ceia. "Ele tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: 'Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês'" (1 Coríntios 11:24). Assim o Senhor deixou bem claro: 'Daqui a pouco o meu corpo será sacrificado e morto, mas faço isto por vocês'. Irmãos, estas palavras nos mostram o verdadeiro sentido da santa ceia. O Senhor Jesus Cristo nos ordenou partir e comer o pão para termos consciência de seu grande sacrifício em favor de nós. É isto que todos os participantes da santa Ceia devem saber: O Senhor deu seu corpo e seu precioso sangue por mim e também pelos demais pecadores que estão aqui. Celebrando assim a ceia do Senhor, "recebendo com verdadeira fé todo o sofrimento e morte de Cristo, recebemos o perdão dos pecados e a vida eterna" (Domingo 28).

É disto que todos têm que ter consciência. A santa Ceia é um sinal seguro da morte de Cristo, e tem um sentido muito profundo. Aqueles que recebem o corpo e o sangue de Cristo, cujos pecados são perdoados, eles não podem mais ser pessoas que não se entendem uma com a outra. É impossível cada um de nós termos comunhão com Cristo, que se entregou por nós, sem termos também comunhão uns com os outros. Se Cristo nos amou tanto, nós também devemos amar uns aos outros. "Nisto consiste o amor: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros" (1 João 4:10-11). O catecismo explica isto com outras palavras, dizendo: "Receber o corpo e o sangue de Cristo na santa ceia significa receber perdão dos pecados e a vida eterna. Mas significa também ser unido cada vez mais ao santo corpo de Cristo, pelo Espírito Santo que habita tanto nele como em nós" (Domingo 28).

É isto que importa, irmãos. Aqueles que celebram a santa Ceia, recebendo o corpo e o sangue de Cristo, eles se tornam, pela graça imerecida que receberam, cada vez mais, membros vivos e ativos do corpo de Cristo, que é a igreja. Se Cristo morreu por cada um de nós, a única coisa que podemos fazer ainda é amar os irmãos, pois os dons que Cristo dá não são para alguns, mas para todos. Cristo dá o perdão dos pecados e o Espírito Santo a todos que recebem o corpo e o sangue de Cristo pela fé. Isto é um privilégio tão grande, isto é um poder tão forte na vida dos filhos de Deus, que todos que participam da santa Ceia não podem mais fazer nada a não ser amar uns aos outros, como Cristo mandou. Se Cristo entregou a sua vida por cada um de nós, nós também devemos entregar a nossa vida pelos nossos irmãos. Assim, irmãos, podemos e devemos celebrar a santa ceia. A palavra chave é: "comunhão": comunhão com o corpo e sangue de Cristo, comunhão com o Espírito de Cristo, e comunhão com os irmãos, os quais são os membros do corpo de Cristo.

Irmãos, agora dá para entender por que é tão bonito comermos e bebermos ao mesmo tempo, simultaneamente. É um detalhe que expressa o verdadeiro sentido da santa Ceia. Da mesma forma que comemos e bebemos simultaneamente, lado ao lado, temos que viver também, sempre buscando a união e a comunhão. O que importa é termos o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Devemos ter consideração por todos. Não devemos apenas cuidar dos nossos próprios interesses, mas devemos cuidar também dos interesses dos outros (Filipenses 2:2-4). É isto que Cristo nos ensina quando celebramos a santa ceia. Ele deu a sua vida por todos nós, e nos comprou com seu precioso sangue. Agora, o nosso dever é servir somente a ele, amando uns aos outros, conforme ele nos ordenou. Desta forma a santa ceia se torna um meio santo para crescermos em poder e amor, para que a nossa igreja seja cada vez mais uma igreja unida, uma igreja para a honra e a glória de Deus. 

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